Há pessoas que adoram apaixonar-se (…). Mas também há os que detestam envolver-se. Que sentem qualquer paixão como um perigo iminente de desagregação ou de vida. Que temem perder o controlo, fazer e dizer coisas que não são nem supostas nem desejáveis. Isto além de, obviamente, detestarem sentir a terrível angústia de perda antecipada do seu objecto de amor ou o terror mais ou menos encapotado de deixarem de ser quem são e como são, pela existência de um outro que lhe pede coisas e tem expectativas.(…) Apaixonamo-nos quando somos capazes, quero dizer, quando encontramos um objecto ou um sujeito que sirva bem o nosso desejo. Para que isso aconteça, é necessário que estejamos afectivamente disponíveis, mesmo que racionalmente não seja assim, e que o enamoramento acarte uma certa quantidade e qualidade de sentido capaz de nos mover.Julga-se que o movimento é sempre em direcção ao objecto desejável, mas de facto não é. Às vezes, o outro é uma mera referência que está lá, distante e intocável, mas que serve, ainda assim, para nos investirmos, a nós, e nos disciplinarmos a ser mais parecidos com o que gostaríamos de ser.Como estratégia de mudança, pode parecer complicado, mas lá que é eficaz, não duvidem.
Isabel Leal
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